A arte de perguntar como diferencial competitivo na era da IA

há 3 dias 10

Em um mundo no qual a informação está cada vez mais acessível, o verdadeiro diferencial competitivo não está no que sabemos, mas no que perguntamos.

Mas à medida que crescemos, algo curioso acontece: vamos perdendo uma das habilidades humanas mais poderosas: a capacidade de perguntar. Quando crianças, a curiosidade nos move e nos faz superar a vergonha de não saber. Assim acontece o aprendizado: sem egos inflados, sem falsas suposições de conhecer. Mas sim por admitir que não se sabe, pela convicção de que somos eternos aprendizes. 

E é exatamente esse impulso que precisamos recuperar como profissionais, líderes e organizações em um tempo de tecnologias exponenciais. Para escalar a IA de forma responsável e com resultados sustentáveis, a liderança tem um papel crucial ao elaborar perguntas relevantes.

Na era da IA, mais do que nunca, saber perguntar se tornou um diferencial estratégico.

A IA é muito mais sobre a pergunta do que sobre a resposta

Sim, estamos vivendo o boom das ferramentas de IA generativa. Modelos que resumem, criam, preveem e respondem com uma velocidade e precisão surpreendentes. Mas o real poder da IA não está nas respostas que ela nos dá — e sim nas perguntas que somos capazes de fazer.

Veja também: Ataque vs Defesa: O papel da IA na segurança corporativa

Não se trata apenas de elaborar bons prompts, e sim de incorporar a arte de perguntar como ferramenta de liderança, de inovação e de transformação. E para isso é preciso conhecer do negócio, de clientes, de risco, de processos. Ter uma visão holística sobre a empresa, repertório que permitirá pensar de forma estratégica a adoção da IA.

Por exemplo: a pergunta "como a IA pode melhorar a experiência do cliente?" é ampla e cheia de boas intenções. Mas é vaga. E diante disso, até a IA mais avançada pode entregar soluções rasas ou dispersas.

Mas, quando essa pergunta é refinada para algo como:

"Quais são os momentos da jornada digital em que nossos clientes mais abandonam o processo, e como podemos intervir proativamente, em tempo real, para reduzir esse abandono?"

… o cenário muda completamente. Quanto mais poderosa a ferramenta, mais importante o uso com sabedoria para extração do melhor resultado. 


Leadership Prompting: o poder estratégico de quem sabe perguntar

É nesse contexto que emerge um novo conceito: Leadership Prompting — a habilidade de líderes formularem perguntas estratégicas para extrair o melhor da IA, das equipes e da realidade ao redor.

Como destacou Jensen Huang, CEO da NVIDIA, em uma palestra recente: "o papel da liderança, agora, é fazer as perguntas certas que antes nem eram possíveis."

Mais do que oferecer respostas prontas, líderes que praticam o prompting estratégico ajudam suas equipes a pensar melhor, explorar hipóteses, desafiar padrões e cocriar soluções.

Mas isso não é de todo novo. Sócrates já fazia isso milênios atrás com seu método de perguntas que geravam reflexão. Einstein dizia que, se tivesse uma hora para resolver um problema, passaria 55 minutos pensando na pergunta certa e apenas 5 buscando a solução.

O que mudou é que agora temos a IA como parceira. E essa parceria exige intencionalidade.

Pensamento crítico: a habilidade que ativa o verdadeiro valor da IA

Não é à toa que, entre as habilidades para 2030 citadas no Relatório do Futuro do Trabalho, criatividade, curiosidade, aprendizado contínuo, liderança e pensamento analítico estão entre as mais relevantes. 

Como citado em um relatório recente da Forbes, quando todos têm acesso à mesma IA, o pensamento crítico se torna seu diferencial, a habilidade humana que irá potencializar a inteligência artificial. É papel da liderança promover a análise crítica, afinal a IA não é solução para tudo, e nem tudo será resolvido com IA.

Segundo a Deloitte, instituições financeiras que já dominam o uso estratégico da IA generativa estão colhendo retornos acima de 10% de ROI em diversas frentes. O que essas organizações têm em comum? Lideranças com mentalidade construtiva, capazes de formular boas perguntas e priorizar problemas relevantes.

É o que a TechRadar chamou de "Builders vs. Browsers" — uma diferença crucial entre líderes que constroem com IA e aqueles que apenas testam superficialmente.

Ou seja, não basta usar IA, é preciso pensar com ela. Refletir, duvidar, contextualizar, perguntar. A IA não substitui nosso julgamento, ela amplia nossa capacidade de raciocinar, se soubermos conduzi-la.

Giuliane Paulista, executiva de IA e analytics do Banco do Brasil.

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