Advogados virtuais – escritórios de advocacia aceleram uso de IA e transformam a rotina jurídica

há 2 dias 6

O movimento de adoção dos recursos de IA generativa (IAgen) por profissionais do direito e escritórios de advocacia não deve ter como objetivo a substituição do advogado, mas sim sua transformação em gestor de estratégias e validação, deixando que a tecnologia assuma o trabalho pesado de coleta, triagem e análise de informações.

Uma pesquisa da American Bar Association (ABA Tech Survey 2025) revelou que o uso de IA na prática jurídica continua em expansão, tendo a eficiência operacional como principal motivador, especialmente em escritórios pequenos e médios. (Íntegra disponível em Tecnologia na Advocacia: IA e Jurimetria em decisões jurídicas | Predictus).

Segundo o levantamento, a adoção de IA no setor quase triplicou: de 11% em 2023 para 30% em 2024. O crescimento foi observado em escritórios de todos os portes:

Escritórios com 100 ou mais advogados: 46% utilizam ferramentas de IA (16% em 2023; 23% em 2022).

Escritórios de 10 a 49 advogados: 30% (11% em 2023 e 2022).

Profissionais autônomos: 18% (10% em 2023; 0% em 2022).

De forma geral, podemos identificar dois modelos de adoção tecnológica pelos escritórios:

Software robusto (CLM – Contract Lifecycle Management):

Plataformas completas e integradas, capazes de gerir contratos, acompanhar processos, automatizar documentos, monitorar compliance e até realizar análises preditivas de litígios. A principal vantagem é oferecer uma solução "pronta", que entrega resultados rapidamente após o treinamento inicial da equipe.

Jurídico modular (CLM-Lite):

Modelo em que soluções tecnológicas e processos legais são compostos por módulos independentes, que podem ser combinados, substituídos ou atualizados conforme a necessidade — semelhante a peças de LEGO.

Conforme a definição da Checkbox (Checkbox – Leading Service Hub | Intake & Workflow Software), o CLM-Lite é uma ferramenta leve e modular, inserida em uma plataforma de operações jurídicas mais ampla, voltada à gestão de fluxos de trabalho relacionados a contratos.

Essa modularidade se mostra uma opção mais alinhada ao futuro do setor, pois acompanha a própria lógica da IA aplicada ao direito: cada módulo pode ser alimentado por modelos específicos treinados para tarefas distintas (por exemplo, um módulo de triagem contratual com NLP, outro de análise de jurisprudência com busca semântica etc.).

De forma esquemática, as principais vantagens do modelo modular são:

Personalização: só pagam pelos módulos que realmente usam.

Agilidade: podem trocar o módulo de monitoramento sem afetar os outros.

Escalabilidade: adicionam novos módulos conforme a empresa cresce.

Especialização: cada módulo é otimizado para sua função, com IA treinada para tarefas específicas.

O grande desafio não é decidir se a advocacia deve ou não adotar a inteligência artificial, mas sim como fazê-lo de forma estratégica. As ferramentas estão disponíveis e em rápida evolução; cabe aos advogados compreenderem seu potencial e se posicionarem como protagonistas na integração entre tecnologia e prática jurídica. Nesse cenário, o profissional do direito deixa de ser apenas executor de tarefas e passa a atuar como gestor de inteligência e estratégia, garantindo mais valor para seus clientes e mais eficiência para seus escritórios.

Fabricio Visibeli,  Partner R&D na CBYK.

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