No universo dos provedores de internet, termos como ARIN, ASN e registro de rede são fundamentais para garantir a operação eficiente, segura e escalável das conexões. Embora sejam comuns no time técnico, entender esses conceitos é crucial também para gestores de ISPs e operadoras. Afinal, eles impactam diretamente a forma como os dados trafegam na internet e como sua rede é reconhecida globalmente.
O que é ARIN e qual sua função no registro de rede?
O ARIN (American Registry for Internet Numbers) é uma das entidades responsáveis pela distribuição e administração de recursos críticos da internet, como endereços IPv4, IPv6 e números de sistemas autônomos (ASN). Ele atende principalmente a América do Norte e parte do Caribe, mas sua relevância se estende globalmente, já que segue diretrizes definidas pela IANA (Internet Assigned Numbers Authority).
Na prática, o ARIN garante que cada rede registrada possua identificação única e esteja em conformidade com as políticas internacionais de roteamento. Para um provedor, isso significa transparência, segurança e possibilidade de expansão de sua operação de forma estruturada.
O que é ASN e por que ele é importante?
O ASN (Autonomous System Number) é um identificador único usado para distinguir redes na internet. Ele permite que um provedor estabeleça políticas próprias de roteamento e troque informações com outras redes usando protocolos como o BGP (Border Gateway Protocol).
Em resumo:
- Um Sistema Autônomo (AS) é um conjunto de endereços IP sob controle de um ou mais operadores, que compartilham uma política de roteamento.
- O ASN é o número que identifica esse sistema autônomo para o mundo.
Existem dois formatos de ASN:
- 2 bytes (16 bits) – mais antigos e hoje praticamente esgotados.
- 4 bytes (32 bits) – padrão atual, com capacidade de bilhões de identificadores.
Sem um ASN, um provedor não consegue operar como uma rede independente e fica limitado a depender da infraestrutura de terceiros, perdendo competitividade e flexibilidade.
Tipos de Sistemas Autônomos
Para entender melhor o papel de um ASN no registro de rede, é importante conhecer os principais tipos de AS:
- Stub AS: conecta-se apenas a um outro AS, usado por redes pequenas.
- Multi-homed AS: conecta-se a dois ou mais ASes para garantir redundância e resiliência.
- Transit AS: atua como intermediário, permitindo que outras redes troquem dados através dele.
A maioria dos provedores de internet busca o modelo multi-homed, que assegura estabilidade mesmo diante de falhas em um dos links de trânsito.
Como obter um ASN pelo ARIN: passo a passo
O processo de registro de rede e solicitação de um ASN junto ao ARIN segue etapas específicas:
- Criar uma conta no ARIN Online – primeiro é necessário registrar-se na plataforma.
- Associar um ponto de contato – vincular um responsável administrativo ou técnico ao pedido.
- Criar um identificador da organização (Org ID) – esse código conecta a entidade solicitante ao ASN.
- Preencher o pedido de ASN – incluindo justificativas, informações de roteamento e detalhes da rede.
- Revisão e aprovação – um analista do ARIN avalia o pedido em até dois dias úteis, podendo solicitar informações adicionais.
- Emissão e ativação – após aprovação e pagamento, o ASN é liberado e pode ser usado para configuração de BGP e interconexões.
Esse processo garante que apenas organizações com real necessidade técnica recebam números de sistemas autônomos, mantendo a internet organizada e funcional.
Boas práticas de gestão e compliance
Além de entender o que é ARIN e ASN, os provedores de internet precisam adotar boas práticas de gestão de rede e compliance. Algumas recomendações:
- Documentação clara: mantenha registros atualizados de seus recursos de rede.
- Conformidade regulatória: siga as políticas da RIR (Regional Internet Registry) que atende sua região.
- Uso do RPKI (Resource Public Key Infrastructure): fortalece a segurança do roteamento, evitando sequestro de prefixos.
- Planejamento de endereços IP: organize o uso de IPv4 e IPv6 de forma estratégica, pensando na escalabilidade.
- Auditorias periódicas: revise suas políticas de roteamento para evitar falhas ou vulnerabilidades.
Adotar essas práticas não apenas garante estabilidade, mas também fortalece a reputação do provedor junto a parceiros e clientes.
Conclusão
Para provedores de internet, compreender o papel do ARIN, a importância do ASN e o processo de registro de rede é um diferencial competitivo. Mais do que burocracia, trata-se de garantir autonomia, confiabilidade e crescimento sustentável da operação.
Com um ASN devidamente registrado e práticas de compliance em dia, seu provedor ganha mais controle sobre o tráfego, aumenta a resiliência da rede e abre caminho para novas oportunidades de negócio.