A declaração é direta e sem rodeios. Jensen Huang, CEO da NVIDIA, não escondeu o ressentimento acumulado ao longo de três décadas quando comentou sobre a relação com a Intel: “A Intel dedicou 33 anos de nossas vidas tentando nos matar”. A frase veio à tona durante entrevista a Jim Cramer, e ganha ainda mais peso agora que as duas gigantes anunciaram uma parceria bilionária.
A ironia é evidente. A mesma empresa que passou décadas tentando sufocar a NVIDIA agora se torna sua parceira estratégica em um acordo que movimenta bilhões de dólares e redefine o mercado de semicondutores.
A guerra que a NVIDIA quase não sobreviveu
Quando a NVIDIA era significativamente menor, a Intel dominava praticamente todos os segmentos de computação. Andy Grove, lendário ex-CEO da Intel, personificava essa postura agressiva ao tratar com desprezo empresas menores que tentavam crescer no setor.
Cramer mencionou durante a entrevista que conheceu Grove e que este havia sido desrespeitoso ao avaliar negócios com empresas similares à Nvidia. A resposta de Huang foi imediata: essa postura arrogante era exatamente o modo como Grove comandava a Intel.
O conflito mais marcante aconteceu quando a Nvidia tinha contrato para desenvolver chipsets para processadores Intel. A gigante dos chips decidiu romper o acordo e migrar para design interno, iniciando uma batalha jurídica sobre interpretação de licenciamento. A NVIDIA venceu a disputa e recebeu US$ 1,5 bilhão em compensação — uma vitória cara para ambas as partes, mas que provou a resiliência da fabricante de GPUs.
Como rivais viraram aliadas
Décadas depois, o cenário mudou completamente. A Nvidia não apenas sobreviveu às tentativas de eliminação como se tornou uma das empresas mais valiosas do planeta, impulsionada pela explosão da inteligência artificial e pelo domínio absoluto no mercado de GPUs para datacenters.
Huang demonstrou otimismo ao falar sobre a nova parceria, elogiando Lip-Bu Tan, atual CEO da Intel, como responsável por viabilizar o acordo. “É uma situação vantajosa para ambas as empresas”, afirmou o executivo.
Os benefícios são claros para os dois lados. A Nvidia ganha acesso a um mercado consumidor gigantesco e capacidade de fabricação em escala ainda maior. A Intel, por sua vez, tem a oportunidade de entrar no mainstream de datacenters ao projetar CPUs x86 para os racks da Nvidia — segmento onde ficou para trás nos últimos anos.
A reviravolta completa do mercado
A transformação de posições é notável. A Intel, que antes era a força dominante tentando esmagar concorrentes menores, agora vê suas ações dispararem simplesmente por anunciar uma parceria com a NVIDIA. O mercado reconhece: hoje, a NVIDIA é quem dita as regras do jogo.
Esta mudança ilustra perfeitamente a volatilidade do setor tecnológico. Nenhuma liderança é permanente, e empresas que se recusam a adaptar acabam ficando para trás. A Intel aprendeu isso da forma mais dura possível — ao ver um antigo alvo se tornar o protagonista da indústria.
A parceria entre Nvidia e Intel prova que no mundo da tecnologia, até os rivais mais ferrenhos podem se tornar aliados quando os interesses se alinham. Resta saber se esta união será suficiente para a Intel recuperar terreno perdido na corrida da inteligência artificial.
A ironia desta reviravolta não passou despercebida pelos analistas de mercado. Enquanto no passado a Intel era a força dominante que tentava suprimir concorrentes menores, hoje a NVIDIA alcançou tal patamar de valorização que um simples anúncio de parceria com qualquer empresa dispara as ações do parceiro escolhido.
Esta transformação de rivais históricos em parceiros estratégicos ilustra perfeitamente como o mercado de tecnologia é dinâmico e como as posições de liderança podem se alterar drasticamente com o tempo. A NVIDIA, que já foi vista como um alvo pela Intel, agora assume o papel de protagonista em uma indústria cada vez mais dependente de seus avanços em inteligência artificial e processamento gráfico.
Você também pode gostar dos artigos abaixo:
Intel subestimou e pagou o preço: NVIDIA hoje vale quase 30 vezes mais