A Inteligência Artificial (IA) está redefinindo o mercado de publicidade e marketing, consolidando-se como pilar fundamental para a reinvenção dos modelos de negócio das agências. Ignorar essa mudança significa risco de obsolescência em um cenário de nova eficiência, estratégia e hiperpersonalização.
Luciana Frazão, especialista em IA e empreendedora no Vale do Silício, destaca que a transformação é sistêmica e está em curso. "No Vale do Silício, as agências deixaram de cobrar por hora de trabalho para se tornarem parceiras estratégicas de longo prazo. O cliente não busca mais alguém para executar campanhas pontuais, mas um parceiro que traga visão, estratégia e resultado", afirmou.
Esse movimento, segundo ela, se apoia diretamente na adoção de inteligência artificial. "As equipes ficaram mais enxutas, mas entregam tanto ou mais do que antes. A agência passa a ser vista como consultora de crescimento, e não apenas como fornecedora de horas de execução. A IA potencializa isso porque permite escalar resultados sem escalar custos."
A lógica também muda na relação com os clientes. Se antes prevalecia o contrato limitado a campanhas, agora o modelo privilegia vínculos de longo prazo, em que a agência assume papel de parceira estratégica no negócio. "Esse é o ponto central: a monetização não está mais no hora a hora, mas na estratégia. Quem não fizer essa virada, corre o risco de se tornar irrelevante", ressaltou.
Novos modelos de monetização: além da hora de trabalho
A especialista Luciana Frazão detalha que a mudança no modelo de negócios no Vale do Silício inclui a adoção de estratégias de monetização mais alinhadas com o sucesso do cliente. Ela destaca que um dos modelos mais interessantes é o de retainer com foco em OKRs. ''Nesse caso, a agência atua quase como uma extensão do time interno do cliente, alinhando suas entregas aos objetivos e resultados-chave do negócio. Nesse cenário, o preço é baseado no impacto esperado da entrega, e não no número de horas trabalhadas'', apontou.
Outro modelo de destaque é o performance-based com revenue share. "Nesse método a agência cobra uma taxa fixa para cobrir custos operacionais e adiciona um bônus escalonável baseado em resultados como leads qualificados, pipeline de vendas ou receita gerada'', detalhou.
Em startups em fase de crescimento, a remuneração pode incluir até equity ou stock options, alinhando a agência ao sucesso de longo prazo da empresa. "Para empresas em estágio inicial (early stage), um modelo mais comum é o de pacotes entregáveis, que "produtiza" os serviços da agência e oferece um escopo, cronograma, preços fixos e previsíveis", definiu Luciana.
Ganhando tempo
A especialista lembra que a IA permite operações mais enxutas e produtivas, mas exige inteligência na aplicação. "Não é sobre usar qualquer ferramenta que está na moda. É sobre identificar o problema certo e escolher a tecnologia adequada. Quem entender esse movimento vai escalar sem precisar inflar equipes, entregando mais valor com menos custo."
O presidente da Abradi, Carlos Paulo Jr., reforçou a visão de que a IA não ameaça o setor, mas amplia horizontes. "Muita gente acreditou que a inteligência artificial decretaria o fim das agências. Eu nunca vi dessa forma. Ao contrário: ela trouxe escala e aumentou a margem dos negócios, quando aplicada de maneira estratégica."
Para ele, a questão é de postura. "Não se trata de temer a IA, mas de usá-la como vantagem competitiva. Ela é uma alavanca de crescimento para quem souber se apropriar da tecnologia"
E deixou um recado direto aos profissionais do setor: "Não será a inteligência artificial que vai substituir alguém, mas sim o profissional que souber usar a IA no seu dia a dia."
"A IA é uma realidade inescapável e um imperativo estratégico para agências que buscam prosperar. É uma alavanca para crescimento, otimização de custos e redefinição de valor ao cliente. Aqueles que adotarem essa lógica estarão na vanguarda da transformação do mercado".