Um jogo disponível na plataforma Steam chamado BlockBlasters foi identificado como veículo de distribuição de malware que roubou dezenas de milhares de dólares em criptomoedas de centenas de jogadores. O caso mais chocante envolve um streamer da Twitch que perdeu todas as doações arrecadadas para seu tratamento contra o câncer.
A fraude veio à tona quando o streamer Raivo Plavnieks, conhecido como RastalandTV, revelou em 30 de setembro que teve mais de 32 mil dólares em criptomoedas roubados após instalar o jogo BlockBlasters, recomendado por alguém no chat de sua transmissão ao vivo. O dinheiro era fruto de doações de seus seguidores para custear seu tratamento oncológico. O streamer compartilhou sua experiência em uma postagem no X (antigo Twitter).
For anybody wondering what is going on with $CANCER live stream… my life was saved for whole 24 hours untill someone tuned in my stream and got me to download verified game on @Steam
After this I was drained for over 32,000$ USD of my creator fees earned on @pumpdotfun and… pic.twitter.com/8YH4njd46E
— rastaland.TV (@rastalandTV) September 21, 2025
Investigações realizadas após o incidente expuseram a real dimensão do problema. O pesquisador de segurança conhecido como ZachXBT descobriu que o malware havia comprometido 261 contas diferentes na Steam, resultando em perdas de mais de 150 mil dólares. Já o grupo de pesquisa de malware vx-underground estimou que o número de vítimas pode chegar a 478 usuários.
De acordo com dados do SteamDB, site independente que rastreia mudanças na plataforma Steam, o BlockBlasters foi lançado em julho deste ano completamente limpo. No entanto, uma atualização em 30 de agosto introduziu secretamente o código malicioso, que permaneceu ativo por quase um mês sem ser detectado pelos sistemas de segurança da Valve.
Um grupo de pesquisadores de segurança publicou uma análise detalhada sobre o funcionamento do malware, identificando os responsáveis pelo ataque e documentando como conseguiram interromper a operação criminosa. Os especialistas afirmaram possuir “montanhas de evidências técnicas” sobre os indivíduos envolvidos, as quais compartilharam com autoridades policiais.
Parte da controvérsia gerada pelo caso está relacionada à alegação de que o BlockBlasters possuía o selo “Verificado” na Steam. É importante esclarecer que essa classificação se refere apenas à compatibilidade com o Steam Deck (console portátil da Valve), confirmando que o jogo roda no dispositivo, sem implicar qualquer avaliação de segurança do conteúdo.
O incidente levanta sérias questões sobre os processos de verificação da Steam, uma plataforma que acumula a confiança de milhões de jogadores ao longo de décadas. “Este é um nível alarmante de falta de fiscalização”, criticaram os pesquisadores que investigaram o caso. “Como uma plataforma pode permitir que um malware tão evidente exista em seu ecossistema?”
O caso do BlockBlasters representa mais um episódio na crescente tendência de ataques cibernéticos direcionados a gamers, público que muitas vezes possui carteiras de criptomoedas e outros ativos digitais valiosos, tornando-se alvos lucrativos para criminosos virtuais.
Segundo reportagem do BleepingComputer, foi o incidente com RastalandTV, transmitido ao vivo, que finalmente desencadeou uma investigação mais aprofundada sobre o jogo malicioso, levando à sua remoção da plataforma.
Fonte: Tom’s Hardware
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