Pix Automático é só o começo: os próximos passos dos pagamentos digitais no Brasil

há 4 dias 15

Lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central, o Pix transformou o cenário financeiro do país e se tornou o principal meio de pagamento no Brasil, tendo movimentado quase R$ 30 trilhões em apenas cinco anos e impactado mais de 76% da população. São números extremamente robustos e que reforçam o sucesso da iniciativa, que abriu as portas para uma nova era nos meios de pagamentos digitais. Diante de um cenário altamente promissor, com uma agenda pautada em inovação e no desenvolvimento de novas tecnologias, o que podemos esperar para o futuro?

Acredito que o futuro já está acontecendo neste momento, a exemplo do próprio Pix, que começou como um pagamento instantâneo até escalar para outros formatos, como o Pix Automático (para pagamentos recorrentes, lançado em 16 de junho de 2025) e o Pix por Aproximação (via NFC, implementado em 28 de fevereiro de 2025). E não vai parar por aí: ainda neste ano devem ser lançados o Pix Parcelado – que permitirá parcelar compras via Pix, com o recebedor obtendo o valor total instantaneamente e o pagador dividindo em parcelas, usando o limite de crédito de instituições financeiras – e o Mecanismo Especial de Devoluções (MED), o qual auxiliará que vítimas de fraudes solicitem reembolsos diretamente nos aplicativos bancários, com processamento digital e acompanhamento de status, excluindo erros de digitação ou disputas comerciais.

Já em 2026, está previsto o lançamento do Pix em Garantia, que permitirá que empresas, especialmente pequenas, usem recebíveis do Pix como garantia para empréstimos, facilitando o acesso ao crédito sem alterações para transações entre pessoas físicas. As novas funcionalidades credenciam o Pix a se tornar uma referência global no setor de meios de pagamentos, trazendo ainda mais credibilidade à indústria financeira brasileira.

Além do Pix, vejo com otimismo a implementação do Drex e a popularização das carteiras digitais para impulsionar ainda mais os pagamentos no Brasil. Com o Drex, teremos redução de custos, uma vez que eliminará intermediários, diminuindo taxas e beneficiando empresas e consumidores, transações instantâneas, pagamentos 24/7, melhorando a gestão de fluxo de caixa, especialmente para empresas que operam em diferentes fusos horários, além de inovação em serviços, já que fintechs podem criar novos produtos, como serviços baseados em contratos inteligentes, que automatizam pagamentos recorrentes e divisões de valores.

A moeda digital está em fase de testes desde 2023 e a expectativa do Banco Central é de lançá-la ainda neste ano. Já as carteiras digitais estão se consolidando como um meio cada vez mais prático e eficaz para fazer pagamentos, sobretudo após a integração com o Pix. Oferecem experiências simplificadas, integrando serviços como investimentos e empréstimos, e permitem a personalização, por meio de cashback e gestão financeira.

Além da praticidade, segurança e eficiência nas transações, os meios de pagamento digitais, em particular o Pix, têm desempenhado um papel crucial na inclusão financeira da população brasileira. Desde o seu lançamento, o Pix tem facilitado transações instantâneas e gratuitas, acessíveis via smartphones, o que permitiu que uma grande parte da população, inclusive em áreas remotas, participasse do sistema financeiro.

De acordo com o Relatório de Economia Bancária de 2023 do Banco Central, o número de usuários ativos do sistema financeiro mais que dobrou entre 2018 e 2023, passando de 77,2 milhões (46,8% da população adulta) para 152 milhões (87,7% da população adulta). O Pix foi um dos principais impulsionadores dessa digitalização, juntamente com iniciativas como o auxílio emergencial durante a pandemia de COVID-19, que incentivou a abertura de contas digitais.

A consolidação das novas funcionalidades do Pix citadas acima, em conjunto com a implementação do Drex e a expansão das carteiras digitais, fazem do Brasil um país com iniciativas promissoras e que têm se destacado em fóruns internacionais. Mas o que outros países têm feito que podemos adaptar para a realidade brasileira, considerando o contexto local?

Na minha visão, avançamos muito nos últimos cinco anos, sobretudo com o Pix, mas ainda podemos aprender muito com iniciativas bem-sucedidas que estão sendo aplicadas em outros continentes. Uma delas são os pagamentos via aplicativos de mensagens, algo que é muito popular na Índia, principalmente por meio do WhatsApp Pay, funcionalidade que chegou ao Brasil no início deste ano. Com mais de 200 milhões de usuários do WhatsApp no Brasil, essa integração pode facilitar vendas para pequenos negócios, aproveitando a familiaridade com o aplicativo.

Outra inspiração são os pagamentos transfronteiriços, o SEPA (Single Euro Payments Area), que são utilizados na Europa para permitir transferências instantâneas entre diferentes países que fazem parte da zona euro. O Banco Central brasileiro planeja internacionalizar o Pix, e a adoção de tecnologias como blockchain ou parcerias com sistemas como SWIFT gpi pode acelerar transações internacionais.

Os pagamentos deixaram de ser apenas uma transação final e se tornaram uma porta de entrada para serviços financeiros de maior valor agregado. Bancos e fintechs precisam aproveitar essa infraestrutura para oferecer soluções inovadoras que aumentam a personalização, atração e retenção de clientes, como integração com o crédito, soluções para pagamentos recorrentes, programas de fidelidade e ofertas diferenciadas via Open Finance.

Por Danilo Porto, sócio da QI Tech

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