Segurança digital: conhecer seus riscos é o primeiro passo para proteger valor e reputação

há 6 dias 10

As empresas vivem em um cenário no qual ataques cibernéticos não são mais exceção, mas rotina. O Fórum Econômico Mundial já classifica a segurança digital como um dos riscos globais mais críticos da atualidade, comparável a crises financeiras e ambientais. Essa realidade mostra que não estamos diante de uma preocupação técnica restrita ao departamento de TI, mas de uma questão estratégica que pode comprometer valor de mercado, reputação e até a sobrevivência de uma organização.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, incidentes cibernéticos no setor financeiro geraram perdas superiores a US$ 12 bilhões em duas décadas — um número que reforça a dimensão do problema mesmo em mercados altamente regulados. Ainda assim, os custos diretos não contam toda a história. Violações de dados e interrupções operacionais geram impactos prolongados em cadeia: reduzem competitividade, atrasam inovação e corroem a confiança de clientes, investidores e parceiros. A reputação, ativo intangível fundamental, muitas vezes leva anos para ser reconstruída — quando é possível recuperá-la.

De vulnerabilidade a risco: a diferença que salva negócios

Um dos grandes equívocos do mercado é confundir risco com lista de vulnerabilidades. Relatórios técnicos que apontam centenas a milhares de falhas críticas podem assustar, mas não traduzem necessariamente o que ameaça a continuidade do negócio. Risco não é o número de vulnerabilidades; risco é a probabilidade de que uma ameaça realmente comprometa a operação, gere perdas financeiras, abale a imagem da empresa ou reduza sua capacidade de competir.

É nesse ponto que conhecer seus riscos se torna indispensável. Assim como fazemos check-ups periódicos na saúde para identificar pontos de atenção antes que eles evoluam para doenças graves, empresas precisam avaliar continuamente sua postura de segurança digital. O diagnóstico deve ser abrangente, conectando vulnerabilidades técnicas ao impacto estratégico, e orientando a tomada de decisão sobre onde e como investir.

Segurança de ponta a ponta: amadurecimento digital pode proteger o futuro

Segurança digital não se constrói com soluções isoladas ou respostas emergenciais. A verdadeira maturidade vem de uma abordagem de ponta a ponta: da identificação de riscos e vulnerabilidades ao planejamento, prevenção, monitoramento e resposta a incidentes. Essa jornada exige três pilares fundamentais:

Governança – políticas claras, alinhadas aos objetivos do negócio, que tratem segurança como parte da estratégia corporativa e não apenas como despesa técnica.

Investimento assertivo – alocar recursos de forma direcionada, garantindo que cada real aplicado gere retorno em resiliência e proteção, sem desperdícios em soluções descoladas da realidade da empresa.

Cultura e pessoas – equipes capacitadas, fornecedores avaliados e consciência de que a segurança é responsabilidade compartilhada em toda a organização.

Institutos de pesquisa internacionais, como Gartner, reforçam que empresas que investem de forma estruturada em segurança digital conseguem reduzir significativamente o impacto financeiro de violações, mas, sobretudo, preservam valor e confiança. Mais do que blindar sistemas, trata-se de proteger a imagem e cuidar da sustentabilidade do negócio.

No fim das contas, a pergunta que toda liderança deve se fazer é simples: quanto do futuro da empresa estamos dispostos a arriscar por não conhecer e não cuidar dos nossos riscos hoje?

Hesron Hori, diretor de Risk Assessment da Under Protection.

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