YouTube começa a restringir contas após verificação de idade

há 3 dias 7
Mão segurando um celular que exibe o YouTube, com um fundo de cor vermelha. Na parte inferior direita, está o logotipo do "tecnoblog".Usuários compartilham pop-up que notifica a verificação da idade (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Resumo
  • YouTube ampliou o uso de IA para estimar a idade dos usuários, bloqueando vídeos para menores de 18 anos e exigindo documentos para comprovação.
  • A medida gerou preocupações sobre privacidade, pois envolve dados sensíveis e imagens faciais.
  • Segundo o YouTube, a IA interpreta o comportamento do usuário para estimar a idade, alterando as configurações de privacidade e anúncios para menores.

O YouTube começou a restringir massivamente o acesso de usuários com exigência de verificação de idade. A medida ocorre após a ampliação de um novo sistema de inteligência artificial que estima se a conta pertence a um menor de 18 anos. Até agora, os relatos vêm dos EUA e da Europa, sem sinais de bloqueios no Brasil.

Baseando-se no comportamento do usuário, a plataforma bloqueia o acesso a vídeos com restrição de idade e altera automaticamente configurações de privacidade e anúncios. A ferramenta usa dados como o histórico de vídeos assistidos e a idade da conta para a estimativa. Caso o sistema identifique o perfil como sendo de um menor, o usuário é obrigado a enviar uma comprovação.

A exigência e especialmente o uso de dados de cartão de crédito e selfies tem gerado preocupação entre especialistas em privacidade. Desde julho, quando a verificação começou a ser testada, eles questionam a falta de transparência sobre como esses dados sensíveis serão armazenados e protegidos contra vazamentos.

Como funciona a verificação por IA?

Anunciada em julho e testada inicialmente na Europa, a tecnologia que estima a idade por IA chegou aos Estados Unidos em agosto, mas começou a pegar muitos usuários de surpresa. No Reddit, usuários passaram a publicar capturas de tela do momento em que um pop-up aparece.

A notificação diz: “Não conseguimos verificar se você é um adulto”. O usuário, então, tem a opção de continuar sem a verificação e manter a conta restrita ou verificar a idade.

Para que uma conta receba essa notificação, segundo o YouTube, além da data de nascimento informada no cadastro, o sistema usa um conjunto de “sinais”, como o tipo de conteúdo consumido, a atividade e a longevidade da conta. Uma vez que a IA classifica a conta como pertencente a um menor de 18 anos, aplica-se uma série de restrições automáticas:

  • Vídeos com restrição de idade são bloqueados;
  • As recomendações são ajustadas para minimizar conteúdo “potencialmente problemático”;
  • A personalização de anúncios é desativada;
  • Ferramentas de bem-estar digital, como lembretes para “fazer uma pausa”, são ativadas por padrão;
  • Uploads de novos vídeos são definidos como privados por padrão.

A plataforma justifica que o sistema é necessário para proteger o público mais jovem. No entanto, um dos problemas apontados por alguns usuários é que adultos que assistem a conteúdos voltados para o público infanto-juvenil, como desenhos ou vídeos de jogos, podem ser sinalizados pela IA.

Na outra ponta, o próprio Google assume que a decisão deve impactar alguns criadores. Segundo o post na página de suporte do YouTube, a mudança “pode resultar em uma diminuição na receita de anúncios”, já que a plataforma só exibe anúncios não personalizados para espectadores menores de 18 anos.

Coleta de dados gera desconfiança

Imagem mostra um cadeado azul fechado, centralizado sobre um fundo abstrato em tons de cinza e azul claro, com formas geométricas que sugerem tecnologia e segurança digital. No canto inferior direito, a marca d'água "Tecnoblog" é visível.Especialistas em segurança digital criticam modelo de verificação (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A necessidade de fornecer dados sensíveis para reverter a restrição vem gerando polêmica desde o anúncio. Questionado pela Ars Technica, o YouTube confirmou, em julho, que “não retém dados de identidade ou cartão de pagamento para fins de publicidade”.

Contudo, o diretor de liberdades civis da Electronic Frontier Foundation (EFF), David Greene, afirma à Ars Technica que todos os métodos de apelação são ruins. Para ele, a coleta de dados biométricos (selfies) é “ruim, assustadora e inibidora” para usuários que dependem do anonimato, como dissidentes políticos ou vítimas de abuso.

Já Suzanne Bernstein, advogada do Electronic Privacy Information Center (EPIC), reforçou a desconfiança, afirmando que é “difícil” confiar nas promessas de qualquer empresa sobre o uso de dados para outros fins, como aprimorar perfis de usuário ou vender informações a terceiros.

Ainda assim, vale lembrar que a obrigação de verificação de idade e identidade em plataformas como o próprio YouTube e outras redes sociais, como o Instagram e o X/Twitter, vem sendo exigida há algum tempo por defensores de maior responsabilização sobre atos cometidos na internet.

No Brasil, a permissão para que redes sociais exijam documentos de identificação e dados biométricos vem sendo discutida no âmbito da PL das Fake News (PL 2630/2020).

Com informações do 9to5Google

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