Apenas 28% das áreas irrigadas por pivô central no Brasil possui conectividade 4G ou 5G, segundo levantamento inédito da ConectarAGRO. O estudo mapeou todas as regiões com pivôs centrais — estruturas giratórias responsáveis por irrigar grandes lavouras — e concluiu que somente 13% desses equipamentos estão totalmente conectados, revelando um descompasso entre a modernização agrícola e a infraestrutura digital disponível no campo.
O diagnóstico reforça um gargalo estrutural para a agricultura de precisão, especialmente nas regiões mais tecnificadas do país. “Os números mostram que, mesmo em regiões altamente tecnificadas, a falta de conectividade ainda é um gargalo. Sem internet, não conseguimos aproveitar todo o potencial da irrigação moderna para tornar o uso da água mais eficiente, reduzir custos e dar mais sustentabilidade à produção”, afirmou a presidente da ConectarAGRO, Paola Campiello.
Expansão da irrigação e baixo nível de digitalização
De acordo com dados da Embrapa e da Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil conta hoje com 2,2 milhões de hectares irrigados por pivôs centrais, quase 300 mil hectares a mais do que em 2022. A expansão, no entanto, não veio acompanhada da digitalização das áreas produtivas.
O levantamento aponta que Minas Gerais lidera em área irrigada, com 559,6 mil hectares, mas apenas 26,5% conectados. Goiás aparece em segundo lugar, com 313,4 mil hectares e 24% de cobertura digital, enquanto a Bahia ocupa a terceira posição, com 294,3 mil hectares e apenas 17% conectados. Mesmo polos consolidados, como o Oeste Baiano, apresentam índices baixos, abaixo de 16%.
Municípios como Paracatu (MG) e Unaí (MG) figuram entre os maiores em área irrigada, mas com apenas 1,5% e 10,4% de conectividade, respectivamente. Já Cristalina (GO), com mais de 65 mil hectares irrigados, alcança 37% de cobertura de internet móvel.
Estados do Nordeste apresentam melhores índices
O estudo também destaca exemplos positivos. São Paulo apresenta 53% das áreas irrigadas conectadas, em um total de 247 mil hectares, e o Nordeste desponta com casos de sucesso. Ceará e Paraíba registram índices de 72% e 77% de cobertura, impulsionados por polos como Jaguaribe e Petrolina/Juazeiro, onde irrigação e digitalização caminham juntas.
Segundo Paola Campiello, o acesso à internet nas áreas produtivas já é tão essencial quanto insumos tradicionais da agricultura. “A conectividade rural é a chave para viabilizar a agricultura de precisão, ampliar a eficiência no uso da água, garantir rastreabilidade e abrir novas oportunidades de desenvolvimento social e econômico. Conectar o campo é condição indispensável para que o Brasil consolide uma agricultura cada vez mais inteligente, sustentável e competitiva no cenário global”, afirmou.
A ConectarAGRO defende que a internet de alta qualidade nas áreas agrícolas seja tratada como infraestrutura essencial, condição necessária para a adoção de tecnologias IoT, automação e monitoramento remoto. A ConectarAGRO lembra que as redes 4G em 700 MHz continuam sendo o principal meio de cobertura de longo alcance em áreas rurais e que o avanço da conectividade no campo depende de parcerias entre operadoras, governos e produtores. (Com assessoria de imprensa)