Ascenty aponta avanço em negociações após ReData

há 4 dias 9

O CRO da Ascenty, Marcos Siqueira, falou ao Tele.Síntese que a medida provisória do ReData destravou conversas comerciais com clientes internacionais e reforçou a atratividade de investimentos em data centers no Brasil. Mas condicionou a expansão à disponibilidade de energia elétrica no curto prazo.

Segundo ele, a recepção do setor foi positiva e já há efeitos práticos da publicação do texto. “A medida provisória está endereçando todos os temas que eram de grande preocupação do ponto de vista tributário”, disse na entrevista que está disponível na íntegra, acima.

Ele acrescentou que a repercussão entre as detentoras de data center “foi muito positiva”, mas também a repercussão com os clientes, embora ainda não haja “contratos assinados” neste momento.

De acordo com Siqueira, clientes estrangeiros passaram a avaliar cronogramas e prazos de validade dos incentivos. “Projetos que estávamos conversando em uma fase preliminar, já andam mais rápido”, disse, citando discussões diretas entre áreas tributárias da empresa e dos clientes.

A companhia não prevê alteração em investimentos próprios por causa do ReData, mas observa reflexos nos cronogramas de demanda. “Um cliente está avaliando agora a possibilidade de antecipar o ramp-up [intensificação] que ele tinha de crescimento, porque o custo que ele teria no Brasil era um, e a partir de 2026 esse custo pode ser bem menor.”

Siqueira diz que a Ascenty está capitalizada para construir rápido, havendo a demanda. “Somos uma joint venture entre a Digital Realty e a Brookfield, a gente consegue levantar recursos com uma boa condição.”

Ele disse que o setor já trabalha a interlocução com parlamentares. “Seguimos fazendo esse trabalho muito forte através das associações ABCD, Brascomm, Telcomp.” Na visão dele, a agenda combina competitividade, arrecadação futura e mais: “O potencial que o Brasil tem é ser um país com soberania de dados, sem a necessidade armazenamento em outro país”, acrescentou.

Gargalo de energia

O executivo afirmou que o debate agora exige coordenação com o setor elétrico. “Seguimos trabalhando muito forte com o Ministério de Minas e Energia, com a EPE [Empresa de Pesquisa Energética], para que a gente consiga também ter celeridade neste processo.” A prioridade é assegurar “energia disponível nos próximos 12 meses”.

Ele explicou a necessidade de proximidade dos “linhões” para viabilizar CAPEX. “Se eu tiver que construir 100 km, isso vai inviabilizar o projeto.” Para novos empreendimentos em regiões menos atendidas, a equação dependerá do custo de infraestrutura e do tamanho do investimento.

Siqueira diferenciou três perfis — enterprise, cloud e IA (training e inferência) — e vinculou a localização à demanda e à conectividade. “O training pode estar em qualquer lugar. A inferência precisa estar próximo ao consumidor”, explicou. Ele enfatizou a necessidade de múltiplas rotas de fibra: “Sem uma boa conectividade, [o data center] deixa de ter a sua essência.”

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