Brasil consolida liderança em redes privativas

há 1 semana 8

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A expansão da conectividade corporativa na América Latina, especialmente no Brasil, passa por redes privativas seguras, integração entre áreas de TI e IoT, e desenvolvimento de casos de uso com retorno claro sobre investimento. Essa foi a principal discussão de um painel, hoje, 1, mediado por Eduardo Tude, da consultoria Teleco, na Futurecom 2025.

Fabiano Funari, country manager da HCLTech Brasil, destacou o papel estratégico das integradoras no ecossistema digital. “Temos mais de 70 laboratórios de tecnologia no mundo, com vários projetos de integração. Integramos tecnologia da informação, tecnologia operacional e ambientes em nuvem para orquestração dos projetos. Nosso espectro de serviços é bastante amplo”, disse.

Segundo Funari, o valor das redes privativas vai além da conectividade: “Ela habilita muitas aplicações e o papel das operadoras e do agente regulador é fundamental. Entretanto, as empresas precisam integrar tudo isso – conectividade, operação e TI – para trazer resultados”. A HCL, segundo ele, atua do design de rede à cibersegurança, com otimização contínua ao longo do ciclo de vida das redes.

Operadoras apostam em verticais e soluções turnkey

Karina Baccaro, diretora de vendas B2B da Vivo, apontou que a operadora lidera o setor de redes privativas e já atua nesse mercado há pelo menos seis anos. “Temos 50% do market share da móvel e quase 30% da fixa. Hoje, os serviços digitais B2B representam mais de 8% da receita total da Vivo”, afirmou.

Entre os projetos destacados está o da Vale, iniciado em 2019 e hoje presente em 16 localidades, combinando redes 5G e 4G, nas mineradoras, além de projetos em portos e ferrovias. A Vivo também atende Petrobras e Ambev, com dezenas de sites em operação. “Segurança é uma questão primordial e fator de peso para o uso dessa tecnologia. O Brasil está bem maduro e à frente de outros países no tema de rede privativa”, disse.

Pela Claro, Eduardo Massaud, executivo de novos negócios da operadora, ressaltou a importância da flexibilidade da arquitetura de rede. “Temos espectro licenciado, o que garante ausência de interferência nas redes 5G. Conseguimos entregar uma rede completa, muitas vezes com core dedicado”, explicou. A Claro atua em diferentes frentes de negócios com empresas como Nestlé, Gerdau e Usiminas e aposta na combinação de IA, cloud e edge computing como diferenciais. “A arquitetura tem tudo a ver com entender o cliente. É mais do que vender; é fazer uma venda recorrente”, disse.

Casos práticos e escala como diferencial competitivo

Na Deutsche Telekom, Juliano Moreira Krziminski, gerente de novos negócios da companhia, relatou mais de 60 projetos de redes privativas, sobretudo no setor automotivo. “Queremos mostrar de maneira simples os benefícios da rede privativa e suas aplicações. O desafio principal é fazer a conta financeira. Nem sempre é tão caro”, afirmou. A empresa aposta em pontos de presença práticos e funcionais instalados no ambiente do cliente para viabilizar testes.

Já Alexandre Vallejo, diretor da Nokia, relatou mais de 900 redes privativas instaladas globalmente, com forte atuação no Brasil. “Começamos pequenos com a Vale, por exemplo, e hoje são mais de 70 sites. A tecnologia é robusta e o mercado se provou”, afirmou. Ele destacou que cada segmento tem desafios próprios exigindo topologias específicas e casos de uso bem definidos.

Indústria, mídia e alimentos: conectividade na prática

Maurício Vasconcellos, diretor de tecnologia da Globo, relatou o uso do 5G privativo para transmissões ao vivo, como no Carnaval. “Antes levávamos 30 dias para montar a estrutura; com o 5G, caímos para uma semana. Montamos um core de rede móvel e usamos antenas móveis com edge para garantir qualidade e reduzir custos”, explicou. A emissora aposta em escala e edge computing para ampliar o uso.

Na indústria, Gustavo Moura, gerente executivo da Nestlé Brasil, contou a experiência da fábrica de Caçapava, interior de São Paulo. “Usamos rede privativa 5G para transporte de veículos autônomos e para sistemas de controle de qualidade. Imagens são capturadas, processadas e avaliadas em tempo real”. A empresa aposta também em realidade virtual para treinamento, exigindo baixa latência. “A rede tem que ser entendida como uma plataforma. A principal lição aprendida é que tentar fazer sozinho não funciona”, finalizou.

O consenso entre os participantes é que as redes privativas são uma realidade em expansão e um instrumento central para a transformação digital. Os desafios citados incluem a necessidade de integrar de forma efetiva as áreas de TI e OT, construir casos de uso com retorno claro sobre o investimento, garantir a escalabilidade das soluções para justificar os custos de implantação e manter segurança e arquitetura como pilares essenciais.

Para os especialistas, a tecnologia de redes privativas na América Latina avança para um modelo baseado em soluções personalizadas, integração ponta a ponta e ecossistemas colaborativos, em que operadoras e fornecedores de tecnologia não apenas vendem infraestrutura, mas entregam valor de negócio com redes inteligentes, escaláveis e seguras.

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