Brasil quer liderar cabos submarinos no Sul Global com regulação e investimentos

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No Futurecom, realizado em São Paulo nesta quinta-feira, 2 de outubro, especialistas e representantes da indústria debateram os rumos da infraestrutura, investimentos e regulação no contexto de cabos submarinos no Brasil e no mundo. O painel mostrou como regulação, investimentos privados e inovações tecnológicas convergem para ampliar a resiliência e posicionar o país como um polo estratégico no Sul Global. Para os painelistas, o Brasil pode tornar-se líder em cabos submarinos no Sul Global, com regulação e investimentos.

 Debate sobre cabos submarinos, regulação e investimentosFoto: Debate sobre cabos submarinos, regulação e investimentos

O coordenador da Anatel, Humberto Pontes, destacou que a agência tem avançado em políticas de cibersegurança com a Resolução nº 767, permitindo analisar vulnerabilidades e incidentes. “Precisamos ter um plano de comunicação muito bem estruturado frente a estes problemas. Conseguimos, a partir da real necessidade das pessoas e do diálogo entre os atores, melhorar nossas políticas”, afirmou. Ele acrescentou que o Brasil levou proposta ao Mercosul para cooperação entre países, lembrando que “os cabos submarinos são o elo invisível do ecossistema digital”.

Rogério Mariano, coordenador do CBPC (Comitê Brasileiro de Proteção de Cabos Submarinos) e diretor da Azion, informou que o país registrou seis cortes de cabos submarinos nos últimos anos, em sua maioria provocados por pesca de arrasto. “Existe no comitê um grupo específico sobre segurança, além de um trabalho em conjunto com a Marinha em zonas de proteção”, disse. Ele lembrou ainda a aprovação do PL 270/2025 e a abertura de tomada de subsídios para regulamentar o setor.

Investimentos e inovação da indústria

Do lado privado, a diversidade de visões foi ressaltada. Marco Canongia, da Lumicom, lembrou que “existem cabos como o Norte Conectado, com e sem repetidores, o que dá ao Brasil uma característica especial”. Rafael Lozano, da Ellalink, apontou que a única ligação direta do Brasil com a Europa é via um cabo específico e que “a questão da latência não é mais negociável”.

Para Reinaldo Jeronymo, da YOFC, a demanda por internet no país levará a uma integração crescente entre cabos terrestres e submarinos. “Cada vez mais vemos a necessidade de certificar todos os processos, porque quem dará o retorno é o usuário final”, disse.

Ricardo Franco, da Ciena, destacou quatro fatores globais que também se refletem no Brasil: demanda crescente de conectividade, expansão de data centers, redes próprias de provedores de conteúdo e investimentos diretos de empresas como Google e Meta. “Existe uma concentração relativamente alta em São Paulo e Fortaleza, mas esse movimento deve se expandir para outras regiões”, avaliou.

Peter Wood, analista da TeleGeography, ressaltou que, embora o Brasil lidere a América Latina, ainda está atrás de hubs como Miami. Já Rogério Mariano observou que a geopolítica coloca o país em posição estratégica no Sul Global. Para a Ciena, “o Brasil é o ponto local para ser o hub do Sul Global para conectar o resto do mundo”.

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