Oi contesta watchdog a respeito de viabilidade financeira

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A Oi protocolou ontem, 24 de setembro, manifestação à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro contestando o relatório apresentado pelo Observador Judicial (watchdog) no começo do mês sobre sua situação econômico-financeira. A companhia sustenta que as conclusões do documento representam apenas uma “fotografia” de curto prazo e que a avaliação da viabilidade deve ser feita pela Assembleia Geral de Credores (AGC), e não pelo Judiciário.

Na petição, a Oi afirma que os resultados negativos são consequência de uma fase de transição, marcada pela desmobilização de serviços deficitários como telefonia fixa em cobre, a antiga operação de TV por assinatura e a venda da UPI ClientCo.

Segundo a empresa, o Projeto Oscar, que prevê o desligamento completo das redes de cobre até dezembro de 2025, já gerou redução de R$ 745 milhões em custos entre janeiro e junho e deve eliminar R$ 2,3 bilhões desde 2023. Outro destaque é o Projeto Fênix, voltado à modernização dos sistemas de atendimento e faturamento da Oi Soluções, unidade B2B que a companhia aponta como sustentável e lucrativa.

A operadora também listou ativos considerados estratégicos para reforçar liquidez, incluindo a participação de 27,26% na V.tal, avaliada entre R$ 11 bilhões e R$ 13,5 bilhões, além de direitos a superávits de planos da Sistel e da Fundação Atlântico, que somaram R$ 908 milhões nos últimos cinco anos.

A Oi menciona ainda créditos tributários de R$ 8,3 bilhões, carteira de recebíveis inadimplidos de R$ 13,2 bilhões e expectativa de até R$ 65 bilhões em arbitragem contra a Anatel. A empresa reconhece que o caixa atual — de R$ 936 milhões — cobre até nove meses de operação, mas argumenta que parte desse montante está vinculada a obrigações judiciais e regulatórias, e que a alienação de ativos e redução de custos devem sustentar o plano de reestruturação.

Diagnóstico do Observador Judicial

O relatório elaborado pelo watchdog a pedido da 7ª Vara concluiu que, sem a venda de ativos, a Oi não teria condições de cumprir suas obrigações no curto prazo. O documento registrou operação negativa de R$ 313 milhões entre maio e julho de 2025 e queda acentuada nos pagamentos a credores — de R$ 67 milhões em março para R$ 3 milhões em julho. Segundo a análise, a empresa depende de eventos extraordinários e desinvestimentos para manter liquidez, já que suas atividades principais não geram caixa suficiente.

O laudo também destacou dívida de R$ 96,3 milhões com fornecedores essenciais, incluindo a Hispamar Satélites, cujo contrato de prestação de serviços foi objeto de decisão judicial em agosto, determinando a continuidade do fornecimento.

Outro ponto foi a avaliação do portfólio de imóveis: dos 7.921 listados, 7.219 estariam disponíveis para venda, avaliados em R$ 4,8 bilhões, mas grande parte está vinculada a comodatos de longo prazo com a V.tal, o que pode encarecer e atrasar as alienações.

Para o watchdog, a situação financeira da Oi permanece negativa no curto prazo, pois a geração de caixa operacional é insuficiente para cobrir custos e despesas. O relatório, ao qual o Tele.Síntese teve acesso, conclui que a empresa só conseguirá atravessar os próximos meses se efetivar a venda de ativos nos prazos previstos, mantendo disciplina de investimentos e reduzindo gradualmente o consumo operacional.

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