ReData prepara Brasil para era da IA e do 5G

há 1 semana 15
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A Política Nacional de Datacenters (ReData) é vista com entusiasmo pelos líderes do setor de telecomunicações, que enxergam na medida um passo estratégico para posicionar o Brasil na nova economia digital impulsionada pela inteligência artificial e pelo 5G. Durante painel realizado na Futurecom 2025, hoje, 29, executivos destacaram que o crescimento explosivo do tráfego de dados e a necessidade de infraestrutura distribuída tornam os data centers peças centrais para garantir competitividade e atrair novos investimentos.

Luiz Alexandre Garcia, diretor-presidente da Algar Telecom, destacou que o ReData oferece previsibilidade regulatória e segurança jurídica para investimentos de longo prazo. “Temos energia, espaço e conectividade. O setor está preparado para suportar essa onda, mas precisamos garantir nossa competitividade, principalmente tributária”, afirmou.

Segundo ele, um ambiente regulatório moderno é fundamental para viabilizar a expansão de infraestrutura crítica para IA, em um cenário de forte competição global por investimentos. Países da América Latina e da Ásia têm avançado rapidamente com políticas de incentivo e regimes tributários específicos para atrair grandes operadores de data centers e provedores de nuvem. “O Brasil precisa se posicionar com clareza nessa disputa”, defendeu.

Crescimento explosivo de tráfego pressiona infraestrutura

A urgência por infraestrutura mais robusta está diretamente ligada à expansão acelerada da IA. Rafael Mezzasalma, country manager da Nokia no Brasil, destacou que o impacto da tecnologia sobre as redes será massivo. “A expectativa é que o crescimento de IA seja explosivo até 2033. Serão 3.280 exabytes por mês gerados na rede, com 18% a 25% de crescimento de tráfego por ano. Para o mercado corporativo, esse número é ainda maior”, afirmou.

Ele explicou que esse aumento exponencial cria uma demanda inédita por data centers regionais, conectividade de alta capacidade e interconexões seguras. “Fornecer infraestrutura para essa demanda é uma grande oportunidade. Há muito espaço para oferecer serviços como as a service e colocation de data centers. A nova regulamentação do ReData abre espaço para mais infraestrutura e interconexões no Brasil”, disse.

Mezzasalma ressaltou ainda que a combinação entre IA e 5G cria casos de uso e muda a lógica de processamento de dados. “Os equipamentos têm capacidade computacional embarcada nas estações radiobase. A combinação entre data centers de inferência mais próximos dos usuários e IA embarcada na rede permitirá dezenas de aplicações”, explicou.

Com o avanço das aplicações em edge computing, será cada vez mais importante aproximar o processamento dos pontos de consumo para reduzir latência e melhorar desempenho. Essa tendência favorece a instalação de data centers menores e distribuídos, complementando os grandes campi de hyperscalers e criando oportunidades para operadoras e novos entrantes no mercado de infraestrutura digital.

ReData como vetor de desenvolvimento econômico

A Política Nacional de Datacenters tem potencial para se tornar um vetor de desenvolvimento regional e econômico, ao estimular a criação de ecossistemas digitais fora dos grandes centros. Ao estabelecer regras mais claras para instalação, operação e interconexão de data centers, a medida reduz barreiras de entrada e pode acelerar a interiorização da infraestrutura digital.

Especialistas também destacaram que, além dos incentivos econômicos e tributários, será essencial integrar as diretrizes do ReData com outras políticas públicas, como a expansão de redes de fibra óptica e o fortalecimento do setor elétrico — já que o consumo energético dos data centers tende a crescer de forma significativa com a IA generativa.

Os participantes do painel concordaram que o Brasil reúne condições geográficas e energéticas favoráveis para se tornar um polo relevante de data centers na América Latina, com disponibilidade de energia renovável, mercado consumidor expressivo e posição privilegiada para interconexão internacional por cabos submarinos. Com o ReData, o país dá um passo para consolidar esse potencial, desde que consiga garantir agilidade regulatória e competitividade fiscal.

Para o setor de telecom, essa agenda está diretamente ligada ao futuro da conectividade. A expansão de data centers será essencial para sustentar o volume de tráfego gerado por aplicações avançadas de IA e pela evolução do 5G — e, no horizonte, do 6G. Como destacaram os executivos, a infraestrutura digital será a espinha dorsal da próxima década.

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