A startup TeiaH propôs um novo modelo de negócio para provedores de internet no Brasil, voltado ao compartilhamento de clientes em situações de mudança de endereço. Segundo o CEO Luciano Sperb, a plataforma — que atua como uma API de intermediação entre ISPs — já reúne 150 provedores em mil municípios e foi lançada no fim de 2024. O primeiro cliente foi integrado em fevereiro de 2025.
“A TeiaH é uma concepção, um modelo que a gente traz para o Brasil, que é até um pouco disruptivo”, explicou Sperb ao Tele.Síntese, em entrevista na Futurecom. “A gente olha uma camada de clientes que é a camada de transição, justamente esse cliente migratório que muda de endereço. O mundo foi povoado por mudanças de endereço, e o Brasil tem uma característica muito forte: são 42 milhões de brasileiros que moram de aluguel.”
De acordo com ele, um brasileiro muda de endereço, em média, sete vezes na vida, o que representa um churn permanente para as operadoras. “Nos Estados Unidos isso já é comum entre as operadoras, que transitam o cliente em colaboração. Trouxemos esse modelo para o Brasil. A TeiaH é o elo, uma API que cria uma grande rede de parceiros”, afirmou.
O sistema permite que o provedor de origem ofereça ao assinante, no momento do cancelamento, a migração para outro provedor parceiro no novo endereço. “O cliente não precisa entrar em contato com a TeiaH. Ele faz o processo normal de cancelamento, e o provedor de origem aciona um parceiro da rede. Quando o usuário chega ao novo endereço, o serviço já pode estar agendado para instalação”, explicou o executivo.
Para os provedores, há uma compensação bilateral: quem transfere o cliente recebe R$ 80 pela indicação, e quem o adquire paga R$ 160 — valor que Sperb considera compatível com o custo médio de aquisição (CAC) do setor. “O provedor que recebe o cliente traz também o histórico dele, o que facilita a análise de crédito e o relacionamento. Mas isso só acontece mediante consentimento explícito do consumidor, conforme previsto na LGPD”, observou.
A empresa mantém um DPO responsável pelo cumprimento da LGPD e trabalha com bases autorizadas “utilizadas exclusivamente para o fim da mudança de endereço”. “Antes mesmo da concepção da empresa, fizemos toda a análise documental e jurídica. A base é segura, e o uso é restrito a esse propósito”, disse.
Sperb informou que o modelo atende provedores de qualquer porte, desde grandes grupos com 1,3 milhão de conexões até pequenos ISPs com 200 clientes. “Para a TeiaH não importa o tamanho. O que importa é ele ter competição dentro da cidade, e todos são tratados com igualdade e transparência”, afirmou.
A startup aplica filtros de conformidade antes de admitir novos parceiros. “Verificamos se o provedor tem licença SCM, modelo de tributação e reputação no mercado. A relação tem que ser clara entre todos, com provedores regulados e adequados à legislação”, disse.
A TeiaH considera quatro tipos de migração: intra-municipal, intermunicipal, interestadual e internacional — neste último caso, ainda não em operação. “É um churn crônico, que não vai acabar. As pessoas vão estar sempre se movimentando. A ideia é transformar o churn em oportunidade”, concluiu o executivo.