Omdia vê 'janela de oportunidade' para operadoras brasileiras

há 1 semana 14
Ari Lopes FUTURECOM 2025Apresentação de Ari Lopes na FUTURECOM 2025. Foto: Mara Matos

Um estudo da consultoria Omdia mostra que o setor de telecomunicações vive um momento de estagnação global. Em 2024, as receitas mundiais cresceram apenas 1,9%, chegando a US$ 1,6 trilhão. O ritmo se repete na América Latina, com avanço de 1,8% e um mercado estimado em US$ 113 bilhões.

Nesse cenário de baixo dinamismo, o Brasil surge como uma exceção regional: suas três maiores operadoras apresentam margens EBITDA acima de 45%, desempenho incomum na região, onde geralmente apenas a líder de mercado opera de forma sustentável.

Essa solidez seria fruto da consolidação do setor móvel e da superação de uma guerra de preços, abrindo uma "janela de oportunidade" para novos investimentos. O gerente sênior de Service Providers Americas da Omdia, Ari Lopes, destaca que as operadoras brasileiras têm, neste momento, recursos e estabilidade para apostar em áreas além da conectividade tradicional, como serviços de nuvem, segurança cibernética e soluções empresariais (B2B).

5G

Apesar dos avanços em infraestrutura, o 5G ainda não transformou os balanços das teles. A tecnologia, cuja adoção seria mais lenta do que a do 4G, permanece concentrada em poucos países. O Brasil e o México respondem juntos por quase 80% das conexões na América Latina.

No Brasil, já são 44 milhões de acessos, o que equivale a 31% da população, mas o impacto financeiro é praticamente nulo: até agora, o esforço das empresas tem sido a construção de rede, não a criação de serviços inovadores. A previsão é que o 5G ultrapasse o 4G apenas em 2029.

"O 5G então tem ainda um caminho um pouco mais longo para atingir uma maioria das conexões na região. Esse ano foi importante para trocar algumas peças no lugar aqui no Brasil e acelerar a tecnologia", afirmou Lopes.

"Começamos a ver dispositivos com preços mais baixos. Tivemos o anúncio de alguns fabricantes chineses de smartphones chegando no Brasil, apesar de que até agora o impacto seja de difícil mensuração. Esperamos que as questões relativas ao acesso aos dispositivos sejam resolvidas em um espaço de tempo relativamente curto", completou.

Fibra óptica

Na direção oposta, a fibra óptica se consolidou como principal vetor de crescimento da banda larga fixa. O Brasil é hoje o quarto maior mercado mundial em expansão absoluta, com 3,5 milhões de novas conexões entre 2023 e 2024. Quase metade dos domicílios já conta com fibra, resultado que coloca o País em posição de destaque global.

Entretanto, sinais de maturação já aparecem: a taxa de expansão anual caiu e comparação com o período da pandemia, indicando que a fase de crescimento acelerado começa a perder fôlego.

Nesse contexto, a consolidação do mercado de banda larga fixa, atualmente fragmentado em ao menos de 9 mil provedores regulares, é considerada inevitável. Estima-se que apenas 15 grandes grupos devem liderar o processo.

Questionado sobre a expansão para novas regiões, Lopes defendeu que a Região Norte é hoje a nova fronteira da conectividade, impulsionada por projetos de infraestrutura como o programa Norte Conectado. Fora das áreas já saturadas, o Norte desponta como terreno fértil para expansão da fibra óptica.

ARPU

O indicador de receita média por usuário (ARPU) também aponta para um desafio. No Brasil, o segmento móvel vive uma recuperação, com preços acima da inflação graças à consolidação do setor e à migração de clientes para planos pós-pagos.

Já na banda larga fixa, o ARPU permanece estagnado: a intensa competição leva as empresas a oferecerem mais velocidade pelo mesmo preço, sem ganhos relevantes de receita.

Paralelamente, tecnologias emergentes como a inteligência artificial já vêm sendo usadas para eficiência operacional e atendimento ao cliente, mas ainda não geram receitas adicionais significativas.

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