Empresas do setor espacial brasileiro reforçaram a necessidade de apoio público e apontaram a falta de capital de risco como um dos principais entraves para o desenvolvimento de uma indústria sustentável no País. O tema foi debatido nesta terça-feira, 7, durante o Congresso Latinoamericano de Satélites 2025, no Rio de Janeiro.
A Visiona (joint venture entre a Embraer e a Telebras) diz que tem buscado alterar esse quadro com projetos financiados pela Finep e com participação da indústria nacional. O presidente da empresa, João Paulo Campos, destacou que o Brasil vive um novo ciclo de investimento em tecnologia espacial. "Estamos prontos para encarar grandes desafios", apontou.
"Devemos entregar, em quatro anos, o satélite com o maior grau de controle nacional já feito no País", disse Campos, em referência a um satélite SatVHR para observação da Terra. Para ele, o desenvolvimento de infraestrutura baseada em pequenos satélites é uma oportunidade para "criar uma indústria sustentável, satisfazendo necessidades e promovendo a substituição de importações".
Capital de risco
Para o CEO da startup de logística espacial Airvantis, Lucas Fonseca, o mercado financeiro nacional ainda não enxerga o setor espacial como economicamente viável.
"Não temos esse mercado de capital de risco para a área. Nem se fala sobre isso. A Faria Lima também não fala sobre isso", lamentou. Segundo ele, investidores brasileiros evitam aplicar recursos em empresas nacionais.
Fonseca ressaltou que, em outros países, o investimento privado é estimulado por expectativas de retorno a longo prazo, mesmo com empresas ainda operando no vermelho. Ele defendeu que o governo continue puxando o ecossistema, mas com foco em sustentabilidade econômica.
"Para a área espacial, ninguém nunca pegou uma linha de crédito da Finep, porque as pessoas não acreditam que a área espacial dá sustentabilidade econômica", afirmou.
Já o CEO da Concert Space, Rafael Campos Mordente, reforçou a importância do apoio público, mas defendeu que as empresas busquem alternativas comerciais. A companhia atua com tecnologia para veículos lançadores.
"Seria uma falácia dizer que o segmento espacial vai se sustentar sem o apoio firme do Estado", afirmou. Ele também comentou que o setor precisa encontrar formas de aplicar tecnologias desenvolvidas com recursos públicos em outros mercados, como o de petróleo e gás.