Crédito a data centers no Brasil depende de escala e energia

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Os perfis de crédito das operadoras de data centers no Brasil são altamente influenciados pela escala de operação, qualidade dos contratos com clientes e acesso confiável à energia elétrica, aponta relatório da Fitch Ratings divulgado nesta segunda-feira, 8 de setembro.

Com a expansão do mercado brasileiro, impulsionada por conectividade em fibra óptica neutra, disponibilidade de energia renovável e ambiente político favorável, o país tem atraído investimentos significativos, especialmente na região Sudeste. Parte das instalações também começa a se deslocar para áreas com geração renovável no Sul e Nordeste.

Contratos longos com big techs favorecem

Empresas como Scala Data Centers e Ascenty operam com contratos built-to-suit de longo prazo, geralmente de dez anos, com cláusulas take-or-pay, firmados com grandes companhias de tecnologia como Oracle, Amazon, Alphabet e Meta. Esses contratos aumentam a previsibilidade do fluxo de caixa e reduzem o risco de inadimplência, ainda que concentrem receitas em poucos clientes.

Já operadoras como a Elea Data Centers, que atendem também ao mercado corporativo e edge computing, trabalham com estruturas menores e contratos mais curtos. Segundo a Fitch, a diversificação da base de clientes compensa parcialmente o risco de renovação contratual e as menores taxas de ocupação.

Acesso à energia é fator competitivo

A capacidade de conexão direta à rede elétrica nacional é um diferencial relevante. Data centers de grande porte conseguem firmar contratos de compra de energia de longo prazo com maior previsibilidade de preço. Instalações menores dependem de distribuidoras locais, cujas condições variam conforme a região.

O fornecimento ininterrupto de energia é condição crítica para o setor, devido ao consumo intensivo. A Fitch reforça que a confiabilidade elétrica é elemento-chave para definir a viabilidade de novos projetos.

Dívida local sustenta expansão

O setor de data centers tem recorrido ao mercado de capitais nacional para obter crédito e financiar seu crescimento. De acordo com a Fitch, as operadoras brasileiras emitiram mais de R$ 12 bilhões em dívida local desde 2021. Dados compilados com a Bloomberg mostram que o pico ocorreu em 2024, com destaque para a Ascenty, enquanto a Elea lidera as emissões em 2025 até o momento.

A Scala tem adotado swaps para converter dívidas em reais para dívidas atreladas ao dólar, o que reduz o custo financeiro e alinha as obrigações às receitas contratadas com clientes estrangeiros.

Projetos de IA urbana e revisão de rating

A Fitch também destaca os projetos em larga escala voltados à infraestrutura de inteligência artificial. A Scala lidera o plano do AI City, no Rio Grande do Sul, que pode chegar a 4,8 GW de capacidade. A Elea atua no projeto Rio AI City, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, com potencial de atingir 3,2 GW.

Em agosto, a agência elevou o rating da Elea Digital para ‘BBB+(bra)’ com perspectiva positiva, após a transferência da maioria dos contratos com a Oi para a V.tal. A melhoria na qualidade dos locatários, somada a um aumento de capital previsto de US$ 60 milhões e nova emissão de debêntures, deve contribuir para a redução da alavancagem e fortalecimento da liquidez da companhia.

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